Biografia
- HOME
- Sobre o Artista
- Biografia
Biografia
Luiz Bhittencourt, nasceu em 1972, um menino do interior de São Paulo com sensibilidade artística adormecida, mesmo exposto à arte, com visitas a museus, mas com sensibilidade aguçada, educado como uma criança “padrão. Afinal, São José dos Campos é a terra da tecnologia por excelência, onde ser bem-sucedido é sinônimo de fazer carreira em áreas como Administração, Tecnologia, Aeroespacial, Engenharia.
Luiz Bhittencourt tem duas qualidades marcantes dificilmente encontradas em uma só pessoa: a sensibilidade artística e a capacidade de organizar tudo à sua volta, que o levaram a trabalhar, desde os 14 anos com eventos na escola.
Aos 18 anos mudou-se para São Paulo, trabalhou com eventos, mas decidiu voltar para a terra natal e fazer faculdade. Formou-se em Administração de Empresas e montou uma empresa de eventos em 1990, muito bem-sucedida, permitindo-o sentir-se realizado profissionalmente.
Será?
Aos 26 anos, um sonho o tiraria de seu sucesso confortável, da vida “padrão”, para gerar uma revolução interna. O sonho ficou gravado em sua mente e ficou também o senso de urgência de “obedecer” a uma ordem, a de pintar a imagem do sonho.
Por onde começar? Afinal, nunca havia praticado ou exercitado seus dons artísticos na forma de desenhos ou pintura. Sua imensa criatividade ia para os eventos que montava.
Procurou se preparar para poder realizar a ordem daquele sonho e seu caminhou cruzou com Luciana Melo, sua primeira professora, que o orientou nos primeiros passos da pintura.
Luciana, em uma combinação de estilos de arte sacra e cultura popular, a Luciana apresenta-lhe o sacro, o figurativo, um pouco de cubismo e navegam por todos os estilos.
Em um ateliê de pintura no belo Parque Vicentina Aranha, conseguiu expressar a imagem do sonho, que não sem razão, recebeu o nome de “Busca”. Uma pintura em acrílico sobre tela, que permanece até hoje no acervo de Luiz Bhittencourt, em um local especial, reservado às obras de valor afetivo.
Das primeiras experiências nasceu sua primeira série, “Faces e Bocas”, que, afinal, como quando fazia eventos de sucesso, a série lhe traz uma grande sensação de realização.
Ainda em busca de aprendizado, talvez não soubesse o que queria, mas já sabia o que não queria: que alguém desce uma pincelada sequer em seus quadros. É quando teve uma breve experiência com um professor que queria “corrigir” seus quadros, como se a arte fosse algo que pudesse ser categorizado como certo e errado. Sente a violência e não consegue continuar com o professor.
É então que, como diz um ditado oriental, quando o discípulo está pronto, o mestre se apresenta. Em 2001 Luiz Bhittencourt conhece Eliza Pires, que seria a mentora no início de sua jornada de descobertas e que mudaria completamente sua trajetória pessoal e profissional. Além das técnicas, a artista o introduz ao papel social e político, o lado forte, agressivo e questionador da arte.
Nem tudo são flores na vida de um artista, as oportunidades e os desafios surgem quase na mesma proporção, até para testar sua determinação de seguir adiante. Não seria mais fácil voltar à vida cômoda? Não para o artista que acabava de nascer.
Luiz Bhittencourt, precisa agora encontrar o seu, ou serão seus, estilos? De uma coisa ele tem certeza, sua religiosidade o levara até ali, a partir do vívido sonho que transformara sua vida inteira.
Portanto, nada mais justo que expressar a gratidão em suas obras com quadros de passagens bíblicas, com a série “Religiosa”, que lança em 2003 com a orientação de Eliza Pires.
A versatilidade com que usa o pincel lhe permite fazer muitas experiências, desde a delicadeza de um “Anjo na Fazenda de Higor” até a densidade de um “Séculos de sangue, por Deus ou pela Igreja?”.
Em 2004 faz sua primeira exposição individual, um grande sucesso, que venderia 21 dos 23 quadros expostos com apenas 30 dias de exposição ao público, inclusive com a releitura de “Busca”, hoje no acervo de uma organização religiosa.
Desde então, sua produtividade e criatividade só crescem. Em 2005 começa a trabalhar simultaneamente em três séries: “Vilas e Favelas”, “Transição” e “Criança”.
A vontade de entrar para um mosteiro, desde pequeno, continua, mas a vida o leva para outros caminhos, e o anseio só retorna após a morte se sua mãe. Além disso, um sonho tão revelador vai além da transformação profissional, é necessária uma nova vida. Luiz decide ingressar na Ordem de São Bento como postulante a monge, sem que tenha que renunciar à sua vocação primária, a pintura. Mantém-se recluso, entre os monastérios beneditinos de Vinhedo/SP e Santa Maria/RS.
Porém, a experiência talvez não tenha sido o que esperava, entra em contato com outros postulantes, monges solenes, todos os níveis de um monastério. Testemunha o choque cultural das buscas individuais, desde o querer caminhar com Deus e oferecer sua vida a Ele até para ter as oportunidades de suprir uma vida de privações. O que testemunha reverbera e faz Luiz repensar a vida monástica. Depois de pouco mais de 500 dias de imersão nesses monastérios, volta à vida laica, mas com uma nova bagagem: as séries “Monastério”, “Cerâmica” e “Inspiração na Iconografia”. Pode contar com a valiosa orientação do mestre e conselheiro Dom Abade Joaquim Arruda Zamith, O.S.B., que lhe abre as portas da Europa.
Em 2010 volta à vida monástica, onde permanece em Brasília/DF e Formosa/GO por mais 500 dias, onde produz as séries religiosas, “Consagrados de Santa Ceias”, “Madonas e Santos”, “Bento” e “Reflexão”.
Seu olhar religioso, interiorizado, não o impede de ver o exterior, onde o que mais chama sua atenção são os menos favorecidos. No final de 2014, quando se muda para Barcelona, Espanha, cria a série “Refugiados”, em que retrata o sofrimento que presencia nas ruas da cidade, acentuada pela guerra civil na Síria e pela onda de refugiados da África.
Em 2017 volta para o Brasil, para a cidade de Ribeirão Pires, onde se dedica a um projeto social voltado à oferta de cultura para crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. Inicia nesse ano a série “Fridas”, apelido que dá às beatas das igrejas, que competem entre si para ser a mais solícita e útil aos padres.
Em 2018, com o apoio da curadora e galerista Carmem Pousada, faz a exposição “Fé! Religiosos e Sacerdotes! Profanos ou Divinos?”, cujo o sucesso o levaria a fazer a exposição individual a convite do então, diretor executivo do Museu de Arte Sacra de São Paulo, José Carlos Marçal de Barros, a “Última Ceia”, com 23 quadros da série “Consagrados de Santa Ceias”.
Durante a pandemia, recluso, mas sempre em busca de aprender e criar, Luiz experimenta, com sua irmã Luciana Cirino, a confecção de arte em cerâmica, mas continua com a pintura, com a série “Janelas e Percepção”. Termina o ano de 2021 com uma exposição de quadros pintados especialmente sobre o relato de percepção de 25 crianças e adolescentes de diversas partes do Brasil.
Chega 2023 e Luiz Bhittencourt tem muito o que celebrar. São 25 anos de carreira, muitas realizações, centenas de pinturas, desenhos, esboços espalhados com muitos colecionadores de arte entre juristas, diplomatas, empresários, profissionais e apreciadores de arte dos mais diversos setores da sociedade, além de Organizações, Instituições, Museus, Ordens Religiosas e Igrejas por 27 países ao redor do mundo.
Impressões e criações das mais diversas, como forma de expressar seu espírito inquieto e com imensa capacidade de materializar, deixar fluir o que vai dentro de seu coração de artista.
Gratidão, a palavra que expressa Luiz Bhittencourt, seja pelo dom divino da arte, seja pelos inúmeros colecionadores, mecenas, apoiadores e admiradores sem os quais não seria possível chegar até aqui.
Por Maria Teresa Stefani
Formada em ciência da Computação pela Unicamp, com pós-graduação pela FGV,
MBA pela fundação Dom Cabral, pós-MBA pela Kellog University de Chicago, mestrado pela
PUC-SP e especialização em tradução pela Universidade Estácio de Sá.
É linguista, tradutora, revisora, estudiosa da língua portuguesa
e adora as artes em geral.